quarta-feira, 5 de outubro de 2011

EM ORAÇÃO

CONSELHOS DE PAI




AI QUEM ME DERA!


Ai quem me dera
Voltar ao tempo
Que da varanda
Se ouvia a banda
Tocando marcha
Ou minueto
Lá no coreto
No meio da praça.

Ai quem me dera
Voltar ao tempo
Em que do trem
Vinha a fumaça.
Em que pulávamos
Da velha ponte,
Pra que se conte,
Só por pirraça!

Ai quem me dera
Voltar ao tempo
Em que o melaço,
Pelo bueiro,
Ganhava espaço
No mundo inteiro.
Quando a doçura
Da rapadura
Vinha no cheiro!

Ai quem me dera
Voltar ao tempo
Em que jogava
Forte o pião
E ele girava
Riscando o chão,
Depois na palma
Da minha mão!

Ai quem me dera
Voltar ao tempo
Das brincadeiras
De bolas de gude,
De amarelinha,
De passa anel,
De pular corda,
De empinar pipa
Perto do céu!

Ai quem me dera
Voltar ao tempo
Em que eu tomava
Banho de chuva,
Banho de açude,
Banho de rio,
Sem temer gripe,
Sem sentir frio!

Ai quem me dera
Voltar ao tempo
Que não existia
Tecnologia,
Mas se vivia
Mais emoção,
Mais alegria,
Mais afeição!

Ai quem me dera
Voltar ao tempo
Em que o tempo
Passava em vão?
-claro que não-
Em que não tinha
Só depressão,
Só violência
E solidão!

Ai quem me dera
Voltar ao tempo
Da minha infância
No meu torrão;
Viver os sonhos,
As brincadeiras
Que guardo ainda
No coração!

ANTONIO COSTTA

sábado, 16 de julho de 2011

TRIBUTO AO POETA JORGE MONTENEGRO


Mesmo sem ter publicado,
Sem ter um livro si quer,
Mas já está consagrado
O gran poeta Elamer!

Pseudônimo do Jorge,
Sobrenome: Montenegro;
Monte de rimas, de versos,
Que não tem nada de negro.

Tem muita luz, muito brilho!
E nunca sai de seu trilho
Num trem de carga a vapor...

Levando matérias primas,
Mil toneladas de rimas
De puros versos de amor!

ANTONIO COSTTA

segunda-feira, 4 de julho de 2011

UM POETA


Eu vesti roupa de versos,
Calcei sapatos de rimas,
mas não quero esses sapatos!
Cadê minhas botinas?

Pego versos com a mão,
piso versos no chão;
Pois tem versos submersos
e tem versos no avião!

Tem versos fazendo gol
no campo de futebol,
tem versos pegando peixes
no açúde com um azol!

Tem versos por todo lado,
Já estou encabulado!
Pois vejo versos aos molhos...
Ou será poesia nos olhos?

ANTONIO COSTTA
(Poema escrito em 1999)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

PINTANDO POESIA


Vos digo que sou poeta,

Vos digo que sou pintor;

Minha poesia na tela

Pintada com muito amor.


Vos digo que sou poeta,

Vos digo que sou pintor;

Vou pintando uma aquarela

Nos versos do trovador.


Uso tintas e palavras,

Ao pensamento dou asas,

Estilo, forma e cor...


A emoção me completa

Nos versos de um poeta,

Na tela do sonhador!


ANTONIO COSTTA

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

VOANDO SEM ASAS




"Lutar com palavras/ é a luta mais vã
entretanto lutamos/ mal rompe a manhã!"

(Carlos Drummond de Andrade)


Depois de um dia de luta,
De me furar nos espinhos,
De querer ficar sozinho
Numa casa ou numa gruta.

Pois que adianta a labuta,
Esse sofrer sem ter dó,
Verter lágrima, suor,
Por um verso que me insulta?

Se o poema se cala,
Se já não tenho uma bala
Para caçar as palavras...

Quer no calor, quer no frio,
Não sei se choro, se rio,
Se vou voando sem asas!


ANTONIO COSTTA